DIABETES E CHÁ DE PATA-DE-VACA: SIM OU NÃO? DEPENDE. SAIBA POR QUÊ!

diabetes e chá de pata de vaca
Diabetes com ciência!

Diabetes e chá de pata-de-vaca |Medicina tradicional | Espécies indicadas | Bauhinia | Outras espécies | Usos | Preparo | Componentes | Estudos | Flavonoides | Estudos em ratos | Estudos em humanos | Colesterol | Efeitos adversos | Avaliação | Leve com você | Recomendações | Fontes

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Plantas na medicina tradicional

Historicamente, a medicina tradicional se vale do uso de plantas medicinais no tratamento de doenças, baseada na observação empírica de seus resultados em diversos pacientes.

Espécies vegetais com poder medicinal têm misturas complexas de produtos biologicamente ativos, e muitos deles são responsáveis por suas propriedades medicinais. Portanto, muitas plantas consideradas medicinais têm sido utilizadas na medicina popular para o tratamento da diabetes. Entre elas está a Bauhinia Fortificata, popularmente conhecida como “pata-de-vaca”, devido ao formato de suas folhas. É nativa da Ásia, e amplamente encontrada na Argentina, Brasil, Uruguai e Peru.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: espécies indicadas

O gênero Bauhinia fortificata compreende cerca de 300 espécies encontradas principalmente nas regiões tropicais. Além de seu possível potencial hipoglicêmico (redutor de glicose), considerações sobre as atividades antioxidantes e de melhoria das condições do fígado de algumas espécies de Bauhinia têm sido sugeridas.

  1. Forficata tem duas subespécies principais utilizadas medicinalmente: forficata e pruinosa. A B. forficata subespécie Forficata cresce apenas no Brasil com uma distribuição que vai desde o estado do Piauí até o Sul do Brasil.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: Bauhinia forficata

No que diz respeito às suas características botânicas, trata-se de uma árvore de copa irregular que atinge uma altura entre 4 e 6 metros. As folhas são simples, com dois lados similares divididos longitudinalmente, formando dois lóbulos semelhantes à pegada de uma vaca. As flores são brancas.

A diferenciação de espécies de Bauhinia é difícil, pois são diversas subespécies bastante parecidas, porém a discriminação é importante, em especial devido ao grande número de pessoas que consomem a pata-de-vaca. Em geral, no Brasil praticamente qualquer espécie do gênero é chamada de pata-de-vaca.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: outras espécies utilizadas

Entre outras espécies que se destacam estão B. megalandra, B.monandra e B.cheilandra.

A B.variegata também se destaca pelo uso como adstringente e tônico, sendo útil para o tratamento de doenças de pele e úlceras; e a B.guianensis para problemas renais e respiratórios e diarreia.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: usos medicinais

Folhas, caule e/ou a casca são usados no tratamento da diabetes, infecções, dor, colesterol e processos inflamatórios.

As folhas e a casca têm sido usadas especialmente como expectorante e adstringente tanto para lavar úlceras, feridas ou aftas e na forma de gargarejo. Porém, o maior uso tradicional da planta, tanto nacional quanto internacional, é devido ao seu efeito hipoglicêmico (redutor de glicemia).

A atividade antioxidante e protetora do fígado já foi demonstrada anteriormente para Bauhinia forficata Link, Bauhinia racemosa Lam e Bauhinia variegata (é confundida com a variedade forficata e não é usada no tratamento da diabetes. Apresenta espinhos na base das folhas, folhas mais pontiagudas e flores com pétalas lineares).

Extratos de Bauhinia forficata Link (pata-de-vaca) e Bauhinia cheilandra (Mororó) mostraram redução de glicose em ratos diabéticos.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: preparo e dosagem

As doses populares de B.forficata consumidas popularmente são bastante variadas; do uso de 1 grama para 100 ml de água até duas folhas para cada 250 ml. As concentrações mais usuais variam aproximadamente entre 0,1% a 1% e com uma frequência de consumo de duas a três vezes ao dia. Concentração a 1% pode ser entendida como 1 g de folhas para cada 100 ml de água.

O modo de preparo de infusão mais usado em estudos científicos foi:

  • Pesar 1,0 g de folhas secas moídas de B. forficata
  • Adicionar 100 ml de água recém fervida.
  • Aguardar 15 minutos e filtra o material vegetal.

O tempo de espera é bem importante, pois é quando a infusão, em média, atinge o nível máximo de concentração de flavonoides.

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Componentes da infusão

Um estudo utilizou infusões a 0,15% e 1% de folhas de B.forficata para verificar a presença de dois marcadores fitoquímicos com atividade hipoglicêmica: o flavonoide rutina e o alcaloide trigonelina, concluindo que a infusão de 1% poderia ser um preparação eficaz para complementar a terapia hipoglicêmica tradicional.

Um dos flavonoides encontrados na parta-de-vaca é a vitamina P (rutina), que é encontrada também nos vegetais folhosos, nas frutas cítricas, e no fruto da árvore brasileira fava-d’anta (Dimorphandra mollis). Atua fortalecendo os vasos capilares, reduz os sintomas de hemofilia e previne edemas nas pernas. Sua carência provoca o aparecimento de microvarizes e problemas vasculares.

O outro flavonoide encontrado em maior concentração na pata-de-vaca é a trigonelina, que é importante na formação da vitamina niacina, que atua no sistema nervoso central, na secreção da bile e nos intestinos, e retarda o esvaziamento do estômago e a absorção de glicose.

Possui também na composição de suas folhas álcoois, poli álcoois e alcaloides.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: o que dizem os estudos

Os estudos realizados utilizam diferentes formulações de folhas de pata-de-vaca com diferentes resultados. Poucos estudos comprovam que o preparo utilizado na medicina tradicional (infusão) seja o mais eficiente, sendo aqueles que apresentam melhores resultados utilizam extratos à base de álcool.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: os flavonoides

As propriedades biológicas das espécies de pata-de-vaca têm sido atribuídas aos seus compostos fenólicos. Nesse contexto, as subespécies da Bauhinia forficata são capazes de eliminar espécies reativas de oxigênio porque contém flavonoides.

Os organismos expostos ao oxigênio (como os seres humanos) produzem espécies reativas no seu metabolismo normal. Em determinadas situações patológicas, como diabetes, obesidade, e outras, essa produção aumenta, desencadeando o estresse oxidativo, que pode ser um poderoso agente capaz de danificar todos os tipos de estrutura celular, desde lipídeos (gordura) até o DNA.

Cite-se que alguns alimentos do dia a dia também possuem alta concentração de flavonoides, como por exemplo cebolas, couve, uvas e vinho tinto, tomates, brócolis, limões, pimentas vermelhas e outros.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: estudos em ratos

Em ratos foi demonstrada a capacidade do extrato de pata-de-vaca inibir a absorção intestinal de açúcares e a liberação de glicose pelo fígado, uma ação similar ao medicamento Metformina (Glifage), ainda que não no mesmo nível de redução.

Em outro estudo, a melhora no metabolismo de carboidratos observada em ratos tratados com decocção de Bauhinia forficata (técnica de laboratório que consiste em manter um material vegetal em contato com um solvente) não parece estar ligada à absorção ou liberação de glicose pelo fígado, nem parece agir de forma semelhante à insulina, parecendo atuar pela inibição de glicose pelo fígado de maneira semelhante à metformina (Glifage).

Em um terceiro estudo, também com ratos diabéticos, houve diminuição do estresse oxidativo do fígado, mas não alteração da glicemia, sugerindo-se que o efeito protetor da pata-de-vaca pode ser atribuído especialmente à sua capacidade antioxidante.

Em mais um estudo, o extrato das folhas de Bauhinia cheilandra (outra variedade) foi testado em ratos diabéticos. O extrato em álcool nas doses de 300, 600 e 900 mg / kg, mostrou uma atividade hipoglicêmica significativa e estatisticamente significativa.

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Diabetes e chá de pata-de-vaca: estudos em humanos

Uma análise dos não muitos estudos sobre a pata-de-vaca apresenta poucas diferenças nas relações estatísticas entre a hemoglobina glicada e o tratamento com infusão de pata-de-vaca, com um decréscimo médio de 0,25%, que não é clinicamente significativo.

Modificações no estilo de vida dos pacientes, como dieta e exercícios (150 min / semana, acompanhados de uma dieta adequada), foram associados a uma redução de hemoglobina glicada em 0,4% e 0,9% respectivamente.

Alguns poucos pacientes, não significativos estatisticamente, apresentaram índices maiores de redução da hemoglobina glicada. Entre as características desse grupo constatou-se que eram paciente sem polifarmácia (mais de cinco medicamentos prescritos), sendo que estes responderam com uma redução média de 0,5% da hemoglobina glicada.

Isso pode ser atribuído a um menor risco de interação farmacológica. Estas interações modificam as ações dos medicamentos diminuindo ou aumentando a sua ação, e por consequência aumentando o risco de efeitos desfavoráveis. Logo quanto maior o número de medicamentos usados, maior é a probabilidade de interações.

Em um estudo que demonstrou resultados mais favoráveis em seres humanos, os pacientes pré-diabéticos também compuseram a amostra. Esses tipos de pacientes estão em um estado reversível da doença.

Estudos com inibidores DPP-4 sintéticos (por exemplo Nesina) indicam que este grupo farmacológico apresentaria uma maior redução no nível de hemoglobina glicada, em pacientes com índice de massa corporal menor e com diagnóstico recente de diabetes. Inibidores de DPP-4 evitam a degradação rápida de hormônios liberados pelos intestinos durante a digestão e que têm ação redutora de glicose no sangue.

Outro fator que influenciou na redução dos níveis de hemoglobina glicada foi o tipo de terapia farmacológica usada pelo paciente. Aqueles que utilizavam terapia hipoglicemiante oral (metformina, glibenclamida ou ambos) mostraram uma maior diminuição nos níveis de hemoglobina glicada, o que indica que naqueles pacientes em estágios avançados a planta não teria uma boa resposta terapêutica.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: redutora de colesterol

É importante destacar os efeitos observados no perfil lipídico da infusão das folhas de pata-de-vaca, com uma redução média do colesterol total de 9% e de triglicerídeos em 26%. Cite-se que o tratamento medicamentoso com estatinas leva à redução do colesterol total em até 30% e dos triglicerídeos entre 7-30%.

Efeitos nas enzimas que regulam o metabolismo de lipídios em ratos diabéticos e obesos, provocaram efeitos redutores de absorção de gordura pelos intestinos durante a digestão, diminuindo o nível de triglicerídeos oriundos da alimentação, e desta forma, reduzindo os níveis de colesterol total, colesterol LDL e aumento do colesterol HDL (colesterol “bom”).

Outros flavonoides presentes na pata-de-vaca estimulariam o metabolismo da gordura pelo fígado, reduzindo os níveis de lipídios no plasma, suprimindo o acúmulo de gordura no fígado e no tecido adiposo.

Este efeito foi atribuído tanto ao aumento da excreção de bile, necessária para a digestão de gorduras, e excreção de colesterol pelas fezes.

Diabetes e chá de pata-de-vaca: efeitos adversos

Com relação aos efeitos adversos observados pelos pacientes, em um estudo com 49 paciente, 50% destes apresentaram algum desconforto após 15 dias de tratamento com a planta.

O principal efeito adverso descrito durante o tratamento foi aumento da diurese (produção de urina pelo rim). Foram descritas também cólicas que podem estar ligadas ao efeito diurético

Notaram-se também alergias, do tipo erupção cutânea, que pode ser produzida em pessoas que consomem algum tipo de planta que disparam reações imunológicas específicas do indivíduo.

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O que avaliar antes de tomar

A eficácia de uma planta medicinal depende de vários fatores, entre eles:

  • Nível de severidade e tempo de diagnóstico da diabetes (quanto mais branda ou recentemente diagnosticada, maior o efeito)
  • Correta definição de qual composto presente causa o efeito esperado
  • Presença de obesidade e outras doenças
  • Medicamentos em uso
  • Concentração e frequência a ser utilizada (dosagem)
  • Procedência e condições do material (qualidade de solo, clima, secagem, moagem, planta correta, …)
  • Forma mais eficiente a ser utilizada: infusão (chá), extrato (diluição em álcool), pó (comprimidos), etc… Há estudo sobre a pata-de-vaca propondo seu uso na forma de comprimidos.

Todos os fatores atendidos é possível esperar resultados significativos no consumo do chá de pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link).

Leve com você

Tomar ou não um chá para complementar o tratamento da diabetes é uma opção individual (“seu corpo, suas regras”), mas caso se decida por fazê-lo é importante conhecer os efeitos e as indicações adequados.

Em face dos estudos sobre a pata-de-vaca até aqui, e seus resultados mistos, ora positivos, ora negativos, observou-se um melhor resultado hipoglicemiante foi obtido em pacientes com uma forma mais branda da doença (pré-diabetes), mais recentemente diagnosticados, com baixo uso de medicamentos, possivelmente com maior peso, e usada em concentrações de 1 grama de folhas/100 ml de água quente, aguardando a infusão por pelo menos 15 minutos, e escolhendo a variedade adequada (Bauhinia forficata Link) e de boa procedência.

Cabe ressaltar que alimentação saudável e exercícios podem produzir um efeito similar ou superior à ingestão de chá de pata-de-vaca. Então qualquer que seja a sua decisão sobre consumi-lo ou não, é importante manter um estilo de vida saudável, pois não há um medicamento único para a diabetes, mas sim um conjunto de iniciativas e produtos, onde cada uma auxilia, geralmente com uma pequena parte, no controle da glicemia.

Esperamos ter ajudado. Paz e saúde!

Recomendações

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Fontes:

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