DIABETES E GLICEMIA PÓS REFEIÇÃO: COMO, QUANDO E PORQUE ISSO PODE “MATAR” VOCÊ. SAIBA COMO EVITAR!

curva glicêmica pós-prandial
Diabetes com ciência!

Veja neste artigo: Diabetes e glicemia pós refeição | Níveis normais | Quanto é alto? | Exames | Por que varia? | Como varia? | Quando varia? | Porque os picos de glicemia “matam”? | Problemas imediatos | Ação da glicose | Pesquisa científica | Fatores de risco | Respostas do organismo aos alimentos | Controle dos picos de glicose | Estilo de vida | Práticas recomendadas | Recomendações | Leve com você | Fontes

Quando você tem diabetes, os níveis de açúcar no sangue (também conhecido como glicose no sangue ou simplesmente glicemia) podem estar consistentemente altos. Com o tempo, isso pode danificar seu corpo e levar a muitos outros problemas.

Após uma refeição, a glicose no sangue, conhecida como glicemia “pós-prandial”, sofre picos, que são níveis elevados e temporários de glicose no sangue. É normal que o nível de glicose no sangue aumente um pouco depois de comer, mesmo em pessoas que não têm diabetes. No entanto, se o aumento for muito alto, isso pode afetar sua qualidade de vida imediatamente e contribuir para sérios problemas de saúde no futuro. Saiba como a seguir!

Diabetes e glicemia pós refeição: quais são os níveis normais de açúcar no sangue?

Os níveis considerados normais de glicose no sangue são menos de 100 mg / dL após um jejum de pelo menos 8 horas, e até 140 mg / dL, 2 horas depois de comer.

Durante o dia, os níveis tendem a ser os mais baixos imediatamente antes das refeições. Para a maioria das pessoas sem diabetes, os níveis de açúcar no sangue antes das refeições oscilam em torno de 60 a 90 mg / dL.

Diabetes e glicemia pós refeição: e quanto é alto?

Não há consenso universal sobre este assunto. A Associação Americana de Diabetes recomenda manter a glicemia abaixo de 180 mg / dl uma a duas horas após o início de uma refeição.

O Grupo Europeu de Políticas para a Diabetes recomenda mantê-lo abaixo de 165 mg / dl no pico, e a Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos e a Federação Internacional da Diabetes recomendam mantê-la abaixo de 140 mg / dl após a ingestão.

No entanto, nenhuma orientação específica é fornecida por qualquer um desses grupos para diabetes tipo 1 versus diabetes tipo 2, usuários de insulina versus não usuários ou crianças versus adultos.

Ao final, o melhor obviamente é ter-se a menor glicemia possível, dentro da normalidade, especialmente após as refeições. Caso estejam além dos limites acima, é recomendada uma atenção especial e providências imediatas para sua normalização. Por quê? Leia mais e descubra.

Diabetes e glicemia pós refeição: exames para conhecer a sua glicemia

Os médicos usam os seguintes testes para descobrirem se você tem diabetes:

  • Verificação aleatória. Testes capilares de glicemia com valores acima de 200, conjugados com sintomas como, se se está urinando mais, se se está sempre com sede ou se ganhou ou perdeu uma quantidade significativa de peso. São indicativos fortes que levam aos próximos exames.
  • Teste de glicose no plasma em jejum. Exame que testa os níveis de açúcar no sangue após um jejum de 8 horas, onde uma glicemia acima de 126 mg / dL é indicativo de diabetes.
  • Teste de tolerância oral à glicose. Após um jejum de 8 horas, você recebe uma bebida especial açucarada. Duas horas depois, caso o nível de açúcar esteja acima de 200, tem-se também um indicativo de diabetes.
  • Frutosamina: verifica a média de glicose no sangue nas últimas 2 a 3 semanas.
  • Hemoglobina glicada, glicolisada ou A1C: a partir da glicose encontrada nos glóbulos vermelhos, obtem-se a média glicêmica dos últimos 2 a 3 meses. Um nível considerado normal, segundo os padrões mais rigorosos, é de até 5,7%.

Os níveis que são mais altos do que o normal, mas não atingem o ponto de diabetes desenvolvida, são chamados de pré-diabetes. De acordo com a Associação Americana de Diabetes, 86 milhões de pessoas nos Estados Unidos têm essa condição, que pode levar à diabetes se não fizerem mudanças de estilo de vida.

Diabetes e glicemia pós refeição: por que a glicose varia após as refeições?

Isso depende de vários fatores, e varia de indivíduo para indivíduo, de alimento para alimento, tamanho da porção, entre outros aspectos. Assim apresentamos a seguir casos médios baseados em estudos que atendem à maioria das pessoas, mas que podem apresentar variações substanciais para casos específicos.

O primeiro fator a se considerar é o índice glicêmico do alimento. Desenvolvido pelo Dr. David Jenkins da Universidade de Toronto no início dos anos 80, o IG de um alimento foi determinado fazendo os participantes do estudo jejuarem por 12 horas antes de consumirem um alimento específico contendo 50 gramas de carboidratos. A partir dele foram criadas várias dietas para diabéticos, com as “famosas” classificações: “pode, não pode, deve, não deve comer” e assim por diante.

A “pontuação” GI atribuída a cada alimento é determinada pelo gráfico da glicose no sangue durante um período de 2 horas após a ingestão de alimentos.

DIABETES E GLICEMIA PÓS REFEIÇÃO: COMO, QUANDO E PORQUE ISSO PODE “MATAR” VOCÊ. SAIBA COMO EVITAR!
Observe como o alimento de alto IG (índice glicêmico) tem um pico rápido acima do limite máximo por um período relativamente curto após a sua ingestão

O comportamento da curva glicêmica pós prandial (após a refeição) porém pode ser alterada substancialmente por outros fatores tais como:

  • Adição de amido, fibra ou açúcares
  • Adição de gordura ou proteína
  • Adição de ácidos orgânicos (como vinagre) ou sal
  • Homogeneização do alimento (processamento)
  • Tempo de mastigação
  • Presença de certas bactérias intestinais – Proteobacteria e Enterobacteriaceae, mais especialmente.

Ou seja, além da recomendação dada ao alimento, é importante observar fatores adicionais como mastigação, interação do alimento com complementos adicionados, como gordura, fibras, tamanho da porção, vinagre, etc. Ainda que sejam seguidas as orientações baseadas no IG, deve-se observar outros aspectos para que a refeição seja efetivamente adequada a uma busca de regulação efetiva do nível glicêmico.

Diabetes e glicemia pós refeição: como a glicose aumenta?

O motivo pelo qual a glicose no sangue tende a aumentar após as refeições em muitas pessoas com diabetes é uma simples questão de tempo.

Em uma pessoa que não tem diabetes, comer alimentos que contêm carboidratos causa duas reações importantes no pâncreas: a liberação imediata de insulina na corrente sanguínea e a liberação de um hormônio chamado amilina. A insulina começa a funcionar quase imediatamente (movendo a glicose da corrente sanguínea para as células) e termina seu trabalho em questão de minutos. A amilina por sua vez, impede que os alimentos cheguem ao intestino delgado muito rapidamente (onde os nutrientes são absorvidos pela corrente sanguínea).

Como resultado, quando a glicose no sangue começa a subir, a insulina está disponível para mover a glicose que entra nas células do corpo. Na maioria dos casos, o aumento da glicose no sangue após a refeição é quase imperceptível.

No entanto, em pessoas com diabetes, a situação é como a de um goleiro sonolento diante de um batedor de pênaltis que chuta bolas a mais de 150 km / h: o tempo está todo errado. Não há insulina suficiente ou o corpo não responde a sua ação, ocorrendo o mesmo com a amilina, de modo que o movimento da comida do estômago para os intestinos não é retardado como deveria.

Como resultado, a comida é digerida mais rapidamente do que deveria. Essa combinação de liberação mais lenta de insulina (ou ausência dela) e comida mais rápida pode fazer com que o nível de glicose no sangue aumente bastante logo após a refeição.

Diabetes e glicemia pós refeição: quando ocorrem os picos de glicemia?

O momento exato de um pico de glicose no sangue alto pode variar de pessoa para pessoa e de refeição para refeição. No entanto, em média, os picos após as refeições tendem a ocorrer cerca de uma hora e 15 minutos após o início de uma refeição.

Portanto, verificar a glicose no sangue (usando uma amostra de sangue de uma picada no dedo) cerca de uma hora depois de terminar uma refeição deve fornecer uma boa indicação de quanto do aumento está ocorrendo. Verificar antes e depois do café da manhã, almoço e jantar várias vezes pode determinar o quanto de pico está ocorrendo após cada uma dessas refeições.

É mais comum ver picos significativos depois do café da manhã, mas é indicada a verificação depois de cada refeição, em dias alternados, pelo menos algumas vezes entre cada consulta e exames, para acompanhar como a glicemia está se comportando.

Diabetes e glicemia pós refeição: por que os picos de glicose no sangue são um problema?

Mesmo que os picos de glicose no sangue após as refeições sejam temporários, vários picos por dia, dia após dia, podem aumentar sua hemoglobina glicada, ou nível de HbA1c, o que já demonstrou ser um sensível aumento do risco de complicações de diabetes em longo prazo.

O resultado do teste de HbA1c reflete o nível médio de glicose no sangue em todos os momentos do dia (antes e depois das refeições) durante os últimos dois a três meses, com as semanas mais recentes influenciando o resultado mais do que as semanas anteriores. Portanto, se a média de glicose no sangue antes das refeições for 130 mg / dl por um determinado período de três meses e a média pós-refeição for 240 mg / dl, sua HbA1c provavelmente refletirá uma média em torno de 8.1 % ou 185 mg/dl.

Pesquisas mostram que para pessoas com hemoglobina glicada abaixo de 7,5%, as leituras de glicose no sangue após as refeições têm uma influência maior na HbA1c do que as leituras antes das refeições. Em outras palavras, reduzir suas leituras pré-refeição só o levará até certo ponto de normalidade. Se você deseja que seu nível de hemoglobina glicada esteja o mais próximo possível do normal, preste muita atenção aos números após as refeições.

Os efeitos a longo prazo dos níveis elevados de glicose no sangue após as refeições foram amplamente estudados. Para pessoas com diabetes tipo 1, aumentos significativos após as refeições demonstraram produzir início precoce da doença renal e acelerar a progressão da retinopatiaexistente, o problema ocular mais comumente associado ao diabetes.

Em pessoas com diabetes tipo 2, a glicose alta no sangue após as refeições é um fator de risco para problemas cardiovasculares. Recentemente, picos pós-refeição e “variabilidade” de glicose foram associados com função cerebral diminuída e um risco aumentado de demência.

Diabetes e glicemia pós refeição: problemas de curto prazo

Mas os problemas não se limitam a complicações de longo prazo. Sempre que os níveis de glicose no sangue aumentam particularmente, mesmo temporariamente, a qualidade de vida é prejudicada. A energia diminui, a função cerebral falha, as habilidades físicas e atléticas diminuem e o humor é alterado.

Um estudo australiano com jovens com diabetes tipo 1 indicou que a glicose sanguínea alta de curto prazo afeta negativamente o desempenho do pensamento, coordenação e emoções e humor. Um estudo realizado em pessoas com diabetes tipo 2 mostrou que aumentos bruscos no nível de glicose no sangue diminuíram o desempenho mental, diminuíram a atenção, reduziram os níveis de energia e levaram a sensações de tristeza e tensão.

E não se esqueça: o que sobe deve descer. O rápido declínio da glicose no sangue que geralmente segue um pico pós-refeição pode causar sintomas falsos de hipoglicemia. Isso é conhecido como “hipoglicemia relativa”. A queda acentuada de um nível alto de glicose no sangue para um nível normal pode levar o cérebro a pensar que há uma crise, e podem ocorrer sintomas de baixa glicose no sangue.

Além disso, os efeitos de um surto de alto nível de glicose no sangue pós-refeição não desaparecem imediatamente quando a glicose no sangue volta ao normal. Cada episódio de alto nível de glicose no sangue pode resultar na produção de substâncias químicas nocivas chamadas radicais livres, que causam inflamação e danos ao revestimento dos vasos sanguíneos por horas, se não dias. Então, claramente, os picos pós-refeição representam um desafio digno de atenção.

Diabetes e glicemia pós refeição: açúcar e seu corpo

Por que os níveis elevados de açúcar no sangue são ruins para você? A glicose é um combustível precioso para todas as células do corpo quando está presente em níveis normais. Mas pode se comportar como um veneno de ação lenta.

Os níveis elevados de açúcar corroem lentamente a capacidade das células do pâncreas de produzir insulina. O órgão supercompensa e os níveis de insulina ficam muito altos. Com o tempo, o pâncreas fica permanentemente danificado.

Altos níveis de açúcar no sangue podem causar alterações que levam ao endurecimento dos vasos sanguíneos, o que os médicos chamam de aterosclerose.

Quase qualquer parte do seu corpo pode ser prejudicada por muito açúcar. Os vasos sanguíneos danificados causam problemas como:

  • Doença renal ou insuficiência renal, exigindo diálise
  • Derrames ou AVCs
  • Ataques cardíacos
  • Perda de visão ou cegueira
  • Sistema imunológico enfraquecido, com maior risco de infecções
  • Disfunção erétil
  • Lesão nervosa, também chamada de neuropatia, que causa formigamento, dor nos pés, pernas e mãos
  • Má circulação nas pernas e pés
  • Cura lenta de feridas e potencial para amputação em casos raros

Pesquisa sobre a curva glicêmica após as refeições

Em novembro de 2015, um artigo foi publicado na revista Cell por alguns pesquisadores do Weizmann Institute of Science, denominado: “Nutrição Personalizada por Predição de Respostas Glicêmicas”, ou algo como “dieta personalizada pelas respostas de glicose no sangue pós refeições”.

O objetivo do estudo era definir uma dieta para os integrantes do estudo baseada nas respostas observadas no nível de glicose após a ingestão de determinados alimentos.

Os pesquisadores queriam, em última análise, projetar um algoritmo (uma espécie de “receita”) para ajudar a adaptar as dietas das pessoas para um melhor controle de seus níveis de glicose no sangue.

A primeira fase envolveu o monitoramento de 800 membros não diabéticos da população israelense – com níveis de obesidade em 22% e 54% da amostra com sobrepeso (IMC> 25), que são bastante representativos dos níveis atuais de sobrepeso e obesidade em pessoas em outros países.

Essas 800 pessoas passaram uma semana registrando tudo – atividade, alimentação e sono – em modo online. Os participantes também receberam monitores de glicose subcutânea, que monitoram os níveis de glicose no sangue a cada 5 minutos.

Para aumentar a precisão dos relatórios dietéticos, os participantes foram informados sobre a importância de relatórios precisos para obter níveis precisos de glicose. Durante esta semana, os participantes foram alimentados com uma das 4 refeições padronizadas (pão, pão e manteiga, glicose ou frutose) como café da manhã, contendo 50g de carboidratos por refeição.

A primeira constatação demonstra que o PPGR (nível de glicemia pós refeição ou pós prandial) para refeições idênticas é reproduzível na mesma pessoa e que se pode medir de forma confiável essa reprodutibilidade. Ou seja, a mesma pessoa se alimentando dos mesmos alimentos, tem glicemia similar após as refeições.

No entanto, ao comparar glicemia pós refeição de diferentes pessoas em relação ao mesmo alimento, foi encontrada alta variabilidade interpessoal, com glicemias de cada tipo de refeição (exceto frutose) abrangendo uma grande gama de níveis distintos.

DIABETES E GLICEMIA PÓS REFEIÇÃO: COMO, QUANDO E PORQUE ISSO PODE “MATAR” VOCÊ. SAIBA COMO EVITAR!
Curva glicêmica de diferentes alimentos. Observe como especialmente a altura e o tempo de alguns alimentos acima do limite máximo de glicemia estabelecido

Diabetes e glicemia pós refeição: fatores de risco

Notavelmente, Diabetes tipo 2 e fatores de risco de síndrome metabólica (excesso de peso, hemoglobina glicada alta, pressão alta, inflamações recorrentes ou de cura difícil foram claramente associados com glicemia pós prandial alta, isto é, os dois fatores andam na mesma direção: quando a glicemia pós prandial aumenta os riscos e sintomas aumentam e vice e versa.

Diabetes e glicemia pós refeição: respostas individuais aos alimentos

Os pesquisadores verificaram os seguintes fatores de influência na glicemia pós refeição:

  1. O conteúdo de carboidratos da refeição: para aproximadamente 95% dos participantes, mais carboidratos se correlacionaram com um aumento de glicemia. No entanto, havia duas categorias distintas:
    1. Pessoas que eram “sensíveis a carboidratos” e mostraram uma glicemia muito maior após a ingestão de carboidratos.
    2. Pessoas que eram “insensíveis a carboidratos” e apresentaram um aumento muito menor após consumir a mesma quantidade de carboidratos (aproximadamente 5%).

  1. A proporção de gordura para carboidratos da refeição: alguns estudos mostraram anteriormente que adicionar gordura a uma refeição reduz o PPGR, e este estudo confirma isso, mas apenas em algumas pessoas. Para outras, adicionar gordura a uma refeição teve pouco ou nenhum efeito sobre a glicemia em comparação com o conteúdo de carboidratos da refeição. Deduz-se, portanto, que temos pessoas “sensíveis à gordura” e “insensíveis à gordura”!

  1. Fibra: embora o aumento do conteúdo de fibra de uma refeição pareça diminuir a glicemia, a quantidade de fibra ingerida nas 24 horas anteriores teve um efeito maior de redução da glicemia pós refeição.

  1. O sódio, o tempo desde o último sono, os níveis de colesterol e a idade exibiram correlação com a glicemia (quando eles aumentam, a glicemia também).

  1. A água na refeição e consumo de álcool apresentam efeitos positivos no PPGR (eles aumentam, a glicemia diminui). Atenção e parcimônia, porém, são recomendados, pois esse efeito é limitado a um consumo moderado.

  1. Perfil das bactérias intestinais: certas bactérias mostraram efeitos positivos, negativos e neutros no PPGR, dependendo do alimento ingerido e das condições clínicas do indivíduo.

Medicamentos para controle de picos de glicemia pós prandial

Uma abordagem comum para reduzir os picos de glicose no sangue após as refeições é tomar (mais) insulina. Mas, a menos que os níveis de glicose no sangue permaneçam altos por três a seis horas depois de comer, tomar mais insulina não vai resolver o problema. Na verdade, o aumento da insulina nas refeições provavelmente resultará em baixa de glicose no sangue antes da próxima refeição.

O mais indicado inicialmente é a escolha do medicamento correto. Há várias possibilidades, tais como agonistas de GLP-1, liraglutida, albiglutida, dulaglutida e miméticos de amilina, que têm efeitos poderosos no açúcar do sangue pós-refeição. Tanto o GLP-1 quanto o Symlin diminuem o esvaziamento gástrico e evitam que os carboidratos aumentem o açúcar no sangue muito rapidamente após as refeições. Symlin, que é um substituto do hormônio amilina (ausente em pessoas com diabetes), também ajuda a diminuir o apetite e a reduzir a secreção de glucagon após as refeições. Os GLP-1s reduzem o apetite e promovem o crescimento de células produtoras de insulina no pâncreas de pessoas com diabetes tipo 2. Portanto, ambos podem contribuir para um melhor controle da glicemia pós-refeição.

A escolha da medicação oral também pode afetar a glicemia após as refeições. As sulfonilureias (gliburida, glipizida, glimepirida) estimulam o pâncreas a secretar um pouco mais de insulina ao longo do dia, independentemente do horário das refeições. Como esses medicamentos não conseguem concentrar a secreção de insulina nos momentos em que ela é mais necessária, o açúcar no sangue após as refeições pode ficar muito alto. Existem medicamentos alternativos chamados meglitinidas (epaglinida, nateglinida) que também estimulam o pâncreas, mas o fazem de maneira muito mais rápida e curta. Quando tomados com as refeições, as meglitinidas produzem um melhor controle da glicose sanguínea após as refeições do que as sulfonilureias.

Outra classe de medicamentos orais para diabetes (inibidores da alfa-glicosidase) melhora o controle após as refeições, bloqueando parcialmente o transporte de açúcares para os intestinos e para a corrente sanguínea. No entanto, esses medicamentos às vezes podem causar gases, inchaço e dores de estômago, mas estão os prós nem sempre superam os contras.

Há diversas opções, que se diferenciam pela forma de ação e que variam substancialmente em preços e formatos. Portanto a medicação deve ser indicada sempre por um médico, pois pode ter efeitos colaterais severos, além do que a dosagem e a reação individual do paciente devem ser tecnicamente avaliados e acompanhados.

Diabetes e glicemia pós refeição: estilo de vida

Como grande parte do controle do diabetes, a medicina é apenas parte da história da prevenção dos picos de glicemia após as refeições: dieta e exercícios também podem ter um papel importante.

Procure consumir alimentos com GI inferior. Como mencionado, o índice glicêmico é uma classificação da rapidez com que um alimento aumenta o nível de glicose no sangue. Enquanto todos os carboidratos (exceto fibras) eventualmente se convertem em glicose, algumas formas o fazem muito mais rapidamente do que outras.

Muitos alimentos ricos em amido (como pães, cereais, batatas e arroz) têm um alto índice glicêmico; eles são digeridos facilmente e se convertem em glicose rapidamente. No entanto, alguns alimentos ricos em amido (como algumas massas, feijão e ervilha) têm valores de índice glicêmico mais baixos.

Alimentos que contêm dextrose – como balas e gel de glicose – tendem a ter um índice glicêmico muito alto, o que pode levar a níveis elevados de glicose no sangue. O açúcar de mesa (sacarose) e a frutose (açúcar da fruta) têm valores mais moderados de índice glicêmico, enquanto a lactose (açúcar do leite) é mais lenta em aumentar a glicose no sangue.

Existem várias características que reduzem a taxa de digestão dos alimentos e diminuem os picos de glicose no sangue. Aqui estão alguns deles:

  • Os alimentos que contêm fibras solúveis (como legumes, aveia e nozes) são digeridos mais lentamente do que alimentos com baixo teor de fibras e carboidratos e do que alimentos com alto teor de fibras insolúveis finamente moídas, como a farinha de trigo.
  • Alimentos ricos em gordura são digeridos mais lentamente do que alimentos com baixo teor de gordura.
  • Os sólidos são digeridos mais lentamente do que os líquidos.
  • Os alimentos frios são digeridos mais lentamente do que os quentes.
  • Alimentos menos maduros e menos cozidos são digeridos mais lentamente do que alimentos totalmente maduros ou bem cozidos.
  • Alimentos inteiros (como grãos não processados, legumes e feijões secos) são digeridos mais lentamente do que alimentos moídos ou processados.
  • Outra propriedade dos alimentos que afeta a taxa de digestão é a acidez. É por isso que o pão de massa fermentada tem um valor de índice glicêmico muito mais baixo do que o pão normal. Adicionar acidez a uma refeição na forma de vinagre (puro ou consumido como parte de um molho de salada ou outro condimento) pode reduzir o aumento de glicose no sangue após as refeições em atém 50%.

Diabetes e glicemia pós refeição: práticas recomendadas

Divida sua refeição. A quantidade que você ingere tem grande efeito sobre o nível de glicose no sangue pós prandial. Uma forma de diminuir o aumento da glicose no sangue após as refeições, portanto, é comer menos. Mas você não precisa passar fome: em vez disso, guarde uma parte de sua refeição para um “lanche” uma ou duas horas depois. Dessa forma, você obtém toda a comida de que precisa, mas não aumenta a glicose no sangue de uma só vez.

Mexa-se. A atividade física depois de comer pode reduzir os picos pós-refeição de várias maneiras. Se você tomou insulina antes da refeição ou lanche, o aumento do fluxo sanguíneo para a superfície da pele causado pelo exercício provavelmente fará com que a insulina seja absorvida e aja mais rapidamente. A atividade muscular também desvia o fluxo sanguíneo dos intestinos, resultando em uma absorção mais lenta de glicose na corrente sanguínea. Além disso, a glicose que entra na corrente sanguínea provavelmente será usada pelos músculos em atividade, em vez de ser armazenada para uso posterior.

Diabetes e glicemia pós refeição: quanta atividade é necessária?

Não muito. Dez ou 15 minutos (ou mais se possível) de atividade moderada geralmente dão conta do recado. O segredo é evitar ficar sentado por longos períodos após comer. Em vez de ler, assistir TV ou trabalhar no computador, dê um passeio, pratique algum esporte ou faça algumas tarefas. Tente agendar suas tarefas ativas (trabalho doméstico, jardinagem, compras, passeios de animais de estimação) para depois das refeições. Além disso, tente programar suas sessões de exercícios para depois das refeições, para reduzir a glicemia elevada.

Previna a hipoglicemia. O baixo nível de açúcar no sangue é problemático de muitas maneiras. Uma das respostas típicas do corpo à hipoglicemia é acelerar a taxa de esvaziamento do estômago. Isso significa que os alimentos são digeridos e aumentam a glicose no sangue ainda mais rapidamente do que o normal. Embora isso seja certamente desejável quando você está com um nível glicêmico muito baixo, também contribui para os picos pós-refeição. A prevenção da hipoglicemia antes das refeições e lanches, portanto, é mais uma estratégia eficaz para controlar os níveis de glicose no sangue após as refeições.

Leve com você

Dados os muitos benefícios de curto e longo prazo do controle da glicose no sangue após as refeições, certamente vale a pena o esforço de medir e avaliar seu controle após as refeições.

Se os seus níveis de glicose no sangue estiverem mais altos do que deveriam, converse com seu médico sobre novos ou diferentes tratamentos médicos que podem ajudar. E dê uma atenta olhadela em suas escolhas pessoais em termos de alimentação e atividades.

Mesmo sem um pâncreas funcionando perfeitamente, ainda há uma infinidade de opções para lidar com os picos elevados de glicose no sangue! Sorte e saúde!

Recomendações

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Fontes:

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13 thoughts on “DIABETES E GLICEMIA PÓS REFEIÇÃO: COMO, QUANDO E PORQUE ISSO PODE “MATAR” VOCÊ. SAIBA COMO EVITAR!

    1. Olá João,

      Agradecemos o seu comentário e em especial ficamos felizes por termos ajudado de alguma forma. Fique à vontade para enviar-nos suas dúvidas, sugestões e críticas. Estamos aqui para melhorar e ajudar.

      Paz e saúde

      Henrique
      Controle da Diabetes Brasil

  1. Prezado autor do artigo! Parabéns! As informações são muito relevantes, apresentadas em focos com abordagens em vários pontos sobre o assunto, com liguagem objetiva e de fácil entendimento para muitas pessoas. Tais informações contribuem para compreendermos melhor sobre diabetes e tomarmos procedimentos para que tenhamos melhor qualidade de vida e também uma melhor longividade de vida.

  2. Muito boa a explicação estou pré diabética, estava precisando entender como funciona .

  3. Semana passada fiz alguns exames de sangue e verifiquei que a minha glicemia em jejum estava em 101! Fiquei assustada… Muito obrigada ao autor do artigo pelo conteúdo didático e pelas ótimas informações!

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