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Diabetes e carnes: Em 2021 no artigo As Melhores E Piores Carnes Para Pessoas Com Diabetes, a Controle da Diabetes Brasil já havia alertado para o fato de que algumas carnes podem provocar consequências negativas para o controle da glicemia, e agora um novo estudo sugere que a carne vermelha aumenta substancialmente o risco de diabetes.
Pessoas que comem mais de uma porção de carne vermelha por semana têm uma probabilidade maior de desenvolverem diabetes tipo 2 do que pessoas que comem menos carne vermelha, segundo o estudo.
Diabetes e carnes: o que diz o novo estudo?
Os investigadores analisaram dados de saúde de quase 217.000 pessoas que preencheram vários questionários dietéticos durante um período de acompanhamento de até 36 anos. Durante esse período, mais de 22.000 participantes desenvolveram diabetes tipo 2.
Os participantes que comeram mais carne vermelha tiveram 62% mais probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com aquelas que consumiram menos carne vermelha processada, , de acordo com resultados do estudo publicados no American Journal of Clinical Nutrition.
Aqueles que comeram mais carne vermelha não processada tiveram 40% mais probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com aqueles que comeram menos.
“Em termos de prevenção da diabetes tipo 2, recomendamos que as pessoas substituam a carne vermelha por fontes de proteínas vegetais, como nozes e legumes”, afirma o principal autor do estudo, Xiao Gu, PhD, investigador da Escola de Saúde Pública Harvard.
Diabetes e carnes: Quais são as carnes vermelhas e o que dizem outros especialistas
A carne vermelha é a carne proveniente de mamíferos, como vacas, porcos, ovelhas e cabras. É de cor vermelha porque contém mais mioglobina, uma proteína que armazena oxigênio nos músculos.
A carne vermelha é uma boa fonte de proteínas, ferro e zinco, mas também pode ser rica em gordura saturada e colesterol.
A Associação Americana de Cardiologia recomenda que os adultos não consumam mais do que 500 gramas de carne vermelha por semana, sendo que para mulheres e idosos, esse valor pode ser ainda menor.
É importante notar que nem todas as carnes vermelhas são criadas iguais. Alguns cortes de carne vermelha, como carne bovina magra e lombo de porco, têm menos gordura saturada do que outros. Também é importante cozinhar a carne vermelha de forma saudável, como grelhar, assar ou assar, para evitar adicionar gorduras prejudiciais à refeição como os casos de frituras com óleos de sementes, como soja, milho, canola etc.
Diabetes e carnes: o que consumir no lugar de carne vermelha?
Substituir uma porção diária de carne vermelha por nozes e legumes foi associado a um risco 30% menor de diabetes tipo 2, concluiu o estudo anteriormente mencionado. Da mesma forma, a substituição de carne vermelha por uma porção de laticínios foi associada a um risco 22% menor de diabetes tipo 2.
Para o melhor controle da diabetes, as pessoas devem primeiro analisar a quantidade de carne processada que comem, já porque cada porção diária adicional de carnes vermelhas processadas – como bacon, cachorro-quente ou frios – foi associada a um risco 46% maior de diabetes tipo 2.
Por outro lado, cada porção extra de carne vermelha não processada, como carne bovina, suína e de cordeiro, foi associada a um risco 24% maior de desenvolver diabetes tipo 2.
O estudo também sugere que é importante ficar de olho no tamanho das porções. Nesse estudo, uma porção de carne vermelha não processada pesava cerca de 90 gramas, muito menos do que o tamanho usual de um hambúrguer.
As porções de carnes processadas equivaliam a aproximadamente uma única fatia de bacon, um cachorro-quente ou algumas fatias de carne fria.
Uma limitação do estudo é que a grande maioria dos participantes era branca, tornando possível que os resultados possam diferir para pessoas de outras origens raciais ou étnicas.
Outra desvantagem é que os pesquisadores usaram registros pessoais dos participantes, que podem não ter relatado com precisão seus hábitos alimentares ao longo do tempo.
A escolha de proteínas vegetais pode melhorara glicemia
Ainda assim, os resultados apontam que uma boa maneira de melhorar o controle da diabetes é adotar mudanças positivas na sua na dieta.
Como o consumo de carnes vermelhas processadas ou não está associada a um aumento de demanda de insulina e da glicose em jejum em diabéticos e em não diabéticos, a chave é substituir as proteínas animais que aumentam o risco de hiperinsulinemia por proteínas vegetais que o diminuem.
As proteínas vegetais vêm em conjunto com vitaminas, minerais e fibras alimentares, o que as torna alternativas nutritivas à carne vermelha de várias maneiras. Outrossim não há evidências que demonstrem que substituir a carne vermelha por grãos refinados, como massas, seja positivo para diabéticos.
Existem muitas proteínas vegetais saudáveis que podem ser usadas em vez da carne vermelha, como tofu, feijão, nozes e sementes.
A massa não está totalmente fora de questão para muitos diabéticos, mas devemos procurar versões alternativas feitas com grãos integrais e manter o consumo sob controle. Por exemplo, uma porção de macarrão deve ter cerca de meia xícara cozida, de acordo com as diretrizes dietéticas.
Diabetes e carnes: uma segunda alternativa: carne orgânica
Para aqueles que não conseguem ficar longe do consumo de carne vermelha, uma alternativa, diga-se logo, bem mais cara, é o consumo moderado de carne orgânica.
Ela provém de animais alimentados com capim, que são criados em pastagens, e consomem grama e outras ervas. Sua carne têm menor teor de gordura saturada e maior teor de ácidos graxos ômega-3, bem como são boa fonte de ácido linoléico.
Já a carne vermelha industrial, que muitos consomem no dia a dia, normalmente é produzida por animais alimentados com grãos e confinados, especialmente na fase final de engorda, sendo que muitos deles recebem antibióticos para prevenir doenças e hormônios para promover o seu crescimento.
No entanto, os animais alimentados no pasto produzem menos carne e podem levar mais tempo para chegarem ao peso recomendado para abate, assim que seus preços tendem a ser bem mais altos do que a carne industrial e a processada.
Diabetes e carnes: o que dizem nossos testes?
Baseado nos dados da pesquisas, fizemos um rápido experimento, mas capaz de, até o momento, corroborar os dados da pesquisa.
Durante 3 dias, 8 diabéticos consumiram carne vermelha processada no café da manhã, e não processada no almoço e jantar, ao passo que, os mesmos participantes, não consumiram carne vermelha de nenhum tipo em outros 3 dias, procurando repetir os demais alimentos que consumiram nesse período.
Os resultados da glicose média diária, segundo dados de monitores contínuos de glicemia, foi:
3D COM consumo diário de carne vermelha | 3D SEM nenhum consumo de carne vermelha | |
Média diária de glicose (mg/dL) | 138+-12 | 112+-14 |
N = 8, D = 6, p = 0,05
O resultado chamou bastante a atenção e aponta estar em linha com os achados do estudo. Faremos agora um estudo mais longo para medir os reflexos na hemoglobina glicada durante um período de pelo menos 90 dias.
Se você quiser realizar as suas próprias medições e nos informar os seus resultados, envie os seus dados para [email protected], pois isso pode ajudar na melhoria do controle da diabetes de muitas pessoas.
Conclusão
O consumo de carne vermelha, especialmente processada, pode levar a um substancial aumento na glicemia em diabéticos e a um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2.
Consumir proteínas vegetais, que são mais ricas nutricionalmente, pode ajudar no controle da glicemia, e a evitar os riscos de complicações da diabetes.
Espero que ajude. Paz e saúde.
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