DIABETES E FLOR DE MAMÃO: O QUE DIZEM OS ESTUDOS CIENTÍFICOS

diabetes e flor de mamão
Diabetes com ciência!

Diabetes e flor de mamão | Medicina tradicional| Pesquisas | Glicemia | Usos medicinais | Componentes ativos | Estudos in vitro | Estudos com animais | Composição | Conclusões | Leve com você | Recomendações | Fontes

Atualizado em maio de 2021

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Muitos apreciam ou simplesmente preferem utilizar chás das mais variadas plantas como alternativas ou complementos no tratamento da hiperglicemia (glicemia alta). Vários estudos científicos foram realizados com diversas dessas plantas, especialmente em países em desenvolvimento, onde seu uso é mais popular.

Uma das plantas medicinais amplamente usada na medicina tradicional é a folha ou a flor de mamão (Carica payaya da família Caricaceae).

Alinhada com a crescente importância da medicina tradicional em vários sistemas de saúde de todo o mundo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) mantém uma publicação da estratégia da medicina tradicional que pode ser encontrada aqui. Entres seus objetivos está o aproveitamento da contribuição potencial dessa medicina para a saúde e bem-estar, e promover o seu uso seguro e eficaz, inclusive no tratamento da diabetes.

Diabetes e flor de mamão: medicina tradicional

A medicina tradicional preceitua que flor de mamão, usualmente indicada como de flor de mamão macho, reduz o nível de açúcar no sangue. Compilamos aqui as pesquisas mais recentes sobre o tema para aqueles que estão avaliando a possibilidade de utilizarem a flor de mamão como hipoglicemiante.

Há alguns estudos que utilizaram não somente a flor, mas folhas, cascas, frutos e sementes, em forma de chás, pós, sucos, concentrados ou extratos. Esses estudos foram realizados especialmente em países em desenvolvimento, como México, Nigéria, Paquistão, Turquia, Guatemala, Índia, onde a medicina tradicional é mais popular, e o uso de diversas partes do mamão no tratamento de diversas doenças é comum.

Note-se que estas pesquisas utilizaram especialmente folhas de mamão de qualquer sexo, em formatos concentrados, de pós ou extratos, ao invés da flor de mamão macho especificamente.

Diabetes e flor de mamão: pesquisas

A maioria absoluta das pesquisas for realizada “in vitro” (fora de sistemas vivos, em um ambiente controlado de laboratório) ou em ratos, que difere substancialmente do consumo humano. Nestas condições foi demonstrado que o mamão da espécie Carica papaya, especialmente as folhas, além da flor, apresentam diversos componentes fito químicos que efetivamente auxiliaram no tratamento de sintomas de diversas doenças.

A planta já é utilizada há tempos como redutor da glicemia e outros sintomas de doenças, como dengue, inflamações e outras doenças em vários países, especialmente no Terceiro Mundo.

Estudos sugerem que, especificamente no controle da glicemia, os fito químicos presentes no mamão obstruem a digestão e absorção de carboidratos.

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Uso de plantas no controle da glicemia

Existe uma lista extensa de plantas que possuem compostos bioativos que são indicadas pela tradição ou medicina tradicional para o tratamento da diabetes, como a canela, berberina, feno-grego e diversas outras.

As propriedades hipoglicêmicas das plantas (redução do açúcar no sangue) estão em relação direta com três formas de atuação, que são muito semelhantes aos medicamentos usualmente receitados para diabéticos não imunosupressivos, como diabetes tipo 2, MODY, gestacional etc.:

  • propriedade de restauração da função dos tecidos pancreáticos, causando um aumento na produção de insulina.
  • capacidade de inibir a absorção intestinal de glicose.
  • propriedade de facilitação de aumento da metabolização em processos dependentes da insulina.

Diabetes e flor de mamão: aplicações

As folhas de mamão (Carica papaya) são usadas tradicionalmente, em alguns países para tratar numerosas doenças, como malária, dengue, icterícia, deficiência imunológica, assim como também é usado como antiviral.

Outras doenças que foram relatadas como possíveis de serem controladas por Carica papaya incluem; desconforto abdominal, dor, diabetes, obesidade, infecções e intoxicações alimentares.

Um estudo do suco da folha do mamão demonstrou sua capacidade de aumentar a contagem média de plaquetas no sangue após 40 a 48 horas do consumo, durante uma infecção por dengue.

Outros estudos relataram o potencial terapêutico da Carica papaya na malária, e confirmaram o potencial anti-inflamatório da planta.

Diabetes e flor de mamão: componentes

Várias partes do mamão (folhas, sementes, casca) em forma de chás, extratos, sucos e pós revelaram a presença de vários componentes bioativos como por exemplo polifenol, taninos, saponinas, terpenóides, flavonóides, glicosídeos e alcalóides.

Os valores medicinais da planta decorrem das funções desse fito químicos que podem ser os responsáveis ​​por suas propriedades redutoras de glicose no sangue.

Diabetes e flor de mamão: “estudos in vitro”

Na concentração de 100 μg / mL de extrato de folha de C. papaya verificou-se o maior percentual de aumento de absorção de glicose pelas célulasin vitro”, da ordem de 25,2%. Este desempenho é dependente da dose aplicada, exigindo alta concentração para atingimento de melhores resultados.

O extrato foi obtido em um processo de duas etapas:

  • Lavagem com água e secagem das folhas. Moagem e transformação em pó.
  • Preparação de extrato, onde o pó (50g) foi misturado em 400ml de água destilada quente (50º a 70º C) durante 6 horas e após filtrado em algodão.

Outro estudo “in vitro” sugere que o extrato vegetal diminui a formação da adesão da glicose à hemoglobina (usada na contagem para o exame de hemoglobina glicada) e, portanto, aumenta a quantidade de hemoglobina livre, reduzindo a glicemia do sangue.

O resultado deste estudo demonstrou, através da análise fito química qualitativa do extrato etanólico (pó com adição de álcool) de folhas de C. papaya, a presença dos seguintes fitoconstituintes de potencial antidiabético:

  • taninos
  • saponinas
  • terpenóides
  • flavonóides
  • glicosídeos
  • alcalóides
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Diabetes e flor de mamão: estudos com animais

Em ratos, os resultados sugerem que o extrato de folhas possui atividade inibitória significativa quando comparado a medicamentos de mesmo princípio ativo. No caso, os inibidores de alfa-amilase. Ambos agem como inibidores da digestão e absorção de carboidratos simples (açúcares) pelos intestinos, ou seja, parte dos carboidratos ingerida é eliminada nas fezes, sem que sejam levados para a corrente sanguínea.

Em outros estudo a administração do extrato clorofórmico da folha de C. papaya reverteu significativamente os danos associados à diabetes induzida em ratos, demonstrando seus efeitos de redução de glicose, triglicerídeos e colesterol no sangue.

A partir dos resultados obtidos, pode-se sugerir que o efeito hipoglicemiante do extrato de C. papaya é causado pelos seus fito constituintes bioativos.

A capacidade destes em retardar a absorção de glicose e lipídios nos órgãos digestivos representa uma das abordagens terapêuticas utilizadas para a diminuição da glicose alta após as refeições (hiperglicemia pós-prandial).

Em conjunto, os resultados sugerem que o tratamento com o extrato clorofórmico de C. papaya pode ser benéfico no tratamento da hiperglicemia e hiperlipidemia (alto nível de gorduras no sangue) relacionadas à diabetes.

Diabetes e flor de mamão: princípio ativo

Estes resultados indicam que um atraso na absorção de carboidratos melhora a eficácia da insulina subcutânea. Isso controla a hiperglicemia pós-prandial em pacientes com diabetes dependente de insulina, permitindo um controle glicêmico pós-prandial mais satisfatório, quando a insulina é administrada imediatamente antes da ingestão.

Note-se que a ingestão de fibras em conjunto com a refeição produz efeitos ativos similares, retardando a digestão e evitando os picos de açúcar. Os resultados são dependentes da quantidade ingerida, mas algo como uma colher de sopa de chia e outra de linhaça é capaz de produzir resultados de atuação similar.

Flor de mamão e colesterol

O extrato da planta provoca uma diminuição significativa dos níveis de colesterol total, triglicérides, VLDL, LDL (“colesterol ruim”), e aumento de HDL (“colesterol bom”).

Colesterol e triglicerídeos elevados são considerados o maior fator de risco para doenças cardiovasculares, que são a principal causa de mortalidade entre diabéticos.

Extrato hidroalcóolico (água e álcool) de C. papaya na dose de 400 mg / kg, demonstrou redução de colesterol e triglicérides no plasma, juntamente com níveis reduzidos de glicose no plasma em ratos.

A dosagem segura e eficiente para humanos não foi determinada nas pesquisas realizadas até aqui.

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Diabetes e flor de mamão: conclusões

Evidências mostram que C. papaya tem capacidade de reduzir o nível de glicose, colesterol plasmático e triglicérides “in vitro” e em ratos com diabetes induzida através de substâncias químicas.

Esta atividade biológica pode ser demonstrada devido à presença de seus fito constituintes, especialmente, flavonóides, alcalóides e taninos.

Cabe ressaltar que existe uma forte ligação entre diabetes, colesterol alto, obesidade e pressão alta.

O resultado desses estudos confirmou que folhas de C. papaya possuem atividade antidiabética significativa, o que mostra que a planta apresenta potencial para o desenvolvimento de drogas no combate à diabetes, confirmando a alegação de fitoterapeutas tradicionais em usar as folhas e sementes da planta no controle da diabetes.

Mais pesquisas dos vários compostos bioativos devem ser desenvolvidas para a determinação exata dos compostos indicados, dosagem, forma de consumo e outros aspectos ligados ao uso em humanos.

Leve com você

Desta forma, parece haver um consenso de que partes do C.papaya realmente auxiliam no controle da diabetes de forma relevante, não só a flor de mamão, mas especialmente as folhas em forma de extrato, pó ou suco.

Como qualquer chá ou medicamento, é importante conversar com seu médico antes do seu uso, pois sempre há o risco de efeitos colaterais, como hipoglicemia, especialmente se consumido em conjunto com medicamentos para o controle da glicemia e/ou insulina em conjunto.

Estes estudos são preliminares, feitos in vitro” e em ratos, e os seus resultados podem ou não se confirmar em humanos, e o uso de partes do mamoeiro ou qualquer outro fitoterápico, não dispensa o acompanhamento da glicemia, realização de exames e consultas periódicas com um médico.

Recomendações

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Fontes:

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14 thoughts on “DIABETES E FLOR DE MAMÃO: O QUE DIZEM OS ESTUDOS CIENTÍFICOS

  1. Parabéns pela isenção de posicionamento e pela postura científica sem compromisso com a indústria farmacêutica, e tampouco com crenças populares.

  2. Diabetes é uma doença silenciosa e muito ruim. Passei muito mal durante um período e quando descobri que estava diabética fiquei mal porque minha mãe no final da vida dela sofreu muito com esta doença. Eu fiquei muito deprimida e triste porque tomo insulina 02 vezes por dia. Me incomoda muito ao ver a minha pele roxa por causa da seringas.

  3. obrigado pelas informações segundo eu vi uma matéria que no Hospital Geral de massachusetts nus Estados Unidos esta sendo produzida uma vacina que cura o diabetes será que e verdade alguém sabe disto meu sonho

    1. Olá. Vacina não seria o termo, pois diabetes não é provocada por vírus, mas sim metabólica. Nos dias de hoje, o que existe é o transplante de pâncreas, normalmente para diabéticos tipo 1, o que é uma solução de longo prazo ou a cirurgia bariátrica, que tem um índice de retorno da doença de mais de 80%, após 7 anos. Outrossim, em termos de pesquisas, há a formação de novas células beta (produtoras de insulina) a partir de células tronco, o que daria ao pâncreas a capacidade de retornar à sua ação normalizada, e uma série de medicamentos capazes de interromper o processo inflamatório causado pela células adiposas (gordura corporal) e por consequência interromper a resistência à insulina e consequente apoptose (morte) das células pancreáticas. Paz e saúde!

  4. parabens pela materia,sanou as duvidas que eu tinha sobre esta materia.foi gratificante.

  5. gostei dessa materia,mas no caso dos suco ou cha qual seria a recomendaçao quanto a quantidade quantas folhas? ou flores.?

    1. Olá, em um estudo mais recente com ratos, os melhores resultados foram obtidos com 600 mg/kg do peso corporal do Extrato Etanólico de folhas de mamão. Além de reduzir a glicemia, produziu efeitos positivos no perfil lipídico, com redução do LDL (“mau” colesterol) e aumento dl HDL (“bom” colesterol). Cabe salientar que o uso do extrato produziu efeitos similares a um medicamento da família da sulfoniluréias, um medicamento antigo para a diabetes, que provoca a liberação de insulina independentemente do nível de glicose no sangue, o que muitas vezes leva a hipoglicemia. Isso posto, minha melhor recomendação, ao invés de produzir e consumir o extrato, consiste em uma adição substancial de fibras à alimentação. Adicionar uma boa quantidade (1 a 2 colheres de sopa) de chia, psyllium, linhaça ou farelo de trigo às saladas ou frutas vai produzir um efeito similar (ou melhor) de forma mais equilibrada, pois não há risco de baixa demasiada da glicemia. Espero que ajude. Paz e saúde. Pesquisa sobre folha de mamão: https://www.academia.edu/download/61134158/Antidiabetic_Effect_of_Ethanolic_Extract_of_Carica_papaya_Leaves_in_Alloxan-Induced_Diabetic_Rats20191105-97740-nlsuhp.pdf

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