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Caso você acompanhe a sua glicemia de perto como eu e fica se perguntando sobre o que fazer para melhorá-la ou busca alternativas mais naturais que medicamentos e seus custos e efeitos, ou quer buscar como poder comer alguma coisa que goste muito sem afetar a sua glicose, ou ainda quer emagrecer e não consegue então é importante saber que a glicemia pós-prandial (após as refeições) é afetada por uma série de fatores.
O fator mais óbvio e conhecido: o que e quanto você come, mas para além disso fatores como quantidade de amido e ou fibra (carboidratos complexos de digestão mais lenta), volume de gorduras e proteínas, ácidos orgânicos (como vinagre) ou sal, alimentos mais ou menos processados, tempo de mastigação e sua flora intestinal, também influem. Sem contar estresse, outras doenças, etc.
Não parece simples, e realmente não é, já que cada organismo responde de maneira diferenciada a estes fatores e mesmo os mesmos indivíduos têm respostas variáveis no decorrer do tempo. A própria ciência ainda não tem muitas respostas e geralmente tratamos somente os sintomas para evitar as consequências.
Eis então este artigo, deveras interessante e sobre um tema pouco explorado que traz novas informações sobre mais uma alternativa que talvez possa ajudar muito o seu controle da glicemia de forma natural e que adicionalmente contribui para a sua saúde geral.
Esperamos que ajude a todos os leitores. Paz e saúde!
Diabetes e microbiota
No passado, “diabetes” e “probióticos” não eram palavras que você costumava ouvir na mesma frase. Estudos recentes sobre o papel dos probióticos na saúde humana encontraram uma conexão mais forte entre eles do que se pensava anteriormente.
Os probióticos são frequentemente chamados de “bactérias boas” devido à sua importância para a nossa saúde geral. Sabe-se que é importante comer alimentos que nutram e mantenham essas bactérias boas, pois elas podem produzir uma infinidade de benefícios à saúde, com potencial para ajudar a combater inclusive doenças crônicas.
Uma microbiota saudável (todos microrganismos que residem nos tecidos e fluidos humanos, composto principalmente de bactérias) em “bactérias boas” leva à perda de peso, digestão melhorada, função imunológica aprimorada, redução do colesterol “ruim” e hipertensão, pele mais saudável e risco reduzido de algumas doenças crônicas, além de certa ação antienvelhecimento.
E esta é apenas uma pequena parte dos benefícios dos probióticos, pois estudos em andamento indicam uma ampla gama de outros efeitos potenciais à saúde. Logo podemos acrescentar ao dito “seu corpo é o que você come”, a complementação “e a flora (intestinal) que você cultiva”.
Por outro lado, outros fatores afetam negativamente a microbiota, incluindo antibióticos (que tendem a eliminar as bactérias boas em conjunto com as más) e doenças. Acredita-se que um desequilíbrio de bactérias leve a distúrbios digestivos (incluindo diarreia e constipação), problemas de pele, infecções urinárias e vaginais, resfriados, e até ganho de peso. Há estudos que ligam também a diabetes tipo 2, síndrome metabólica, doença cardíaca, câncer colorretal, inflamações sistêmicas, doença de Alzheimer e depressão a uma microbiota não saudável.
“Muito do nosso sistema imunológico reside em nosso intestino, então é lógico que queremos manter nosso intestino saudável para proporcionar esses benefícios a todo o nosso corpo”, diz Kristina Campbell, autora do livro Receitas para Manter uma Microbiota Saudável.
O microbioma humano consiste em 100 trilhões de bactérias, vírus e fungos que residem predominantemente no intestino humano. O microbioma desempenha um papel vital no:
- desenvolvimento de imunidade
- proteção contra microorganismos prejudiciais
- produção de ácidos graxos de cadeia curta, que são uma fonte de energia
- síntese de vitaminas
- armazenamento de gordura
- regulação do sistema nervoso central
- As bactérias intestinais produzem aproximadamente 95% da serotonina do corpo. A serotonina é um neurotransmissor no cérebro que regula o humor e o funcionamento gastrointestinal (GI).
Diabetes e origem da microbiota
A microbiota de cada pessoa é única; em outras palavras, duas pessoas não têm a mesma microbiota. Isso porque a microbiota é determinada, inicialmente, pelo seu DNA. Quando você nasce, fica exposto aos micro-organismos de sua mãe durante o parto e, se for amamentado, por meio do leite materno de sua mãe. Com o tempo, o ambiente e sua dieta influenciam o tipo de microrganismos que povoam seu organismo.
Por exemplo, pessoas que comem alimentos de origem animal têm um microbiota (ou flora intestinal) muito diferente do que aqueles que comem alimentos vegetais.
Diabetes e microbiota: probióticos e prebióticos
Probióticos são bactérias e leveduras que conferem benefícios à saúde do corpo humano de várias maneiras. A Organização Mundial de Saúde define probióticos como “organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro”.
Ao equilibrar a microbiota intestinal, seja introduzindo micro-organismos inexistentes ou adequando a proporção dos já existentes, os probióticos trazem uma série de benefícios à saúde, entre os quais a melhoria na capacidade do organismo em absorver os nutrientes dos alimentos. Quase desnecessário acrescentar que absorção adequada de nutrientes e diabetes estão intimamente relacionados.
A maior parte da flora intestinal é encontrada no cólon, ou intestino grosso, que é a última parte do trato digestivo. Surpreendentemente, as atividades metabólicas da flora intestinal assemelham-se às de um órgão. Por esse motivo, alguns cientistas referem-se à flora intestinal como o “órgão esquecido”.
Já os prebióticos são a fonte de alimento para probióticos benéficos. Os prebióticos são fibras não digeríveis necessárias para cultivar um intestino saudável. Sem os prebióticos, os probióticos não têm os alimentos de que precisam para fazer seu trabalho com eficácia.
Seus intestinos abrigam mais de mil tipos diferentes de bactérias, que costumam ser chamadas de “microbiota”, “microbioma” ou “flora intestinal”. Os probióticos fazem de tudo, desde a fabricação de certas vitaminas, como K e algumas Bs, até o desempenho de certas funções metabólicas, para manter as paredes intestinais fortes, o que resulta em um sistema imunológico mais forte.
O estudo das diferentes maneiras pelas quais as cepas probióticas auxiliam o corpo humano ainda está em sua infância. Mas você deverá ouvir muito mais sobre como elas funcionam no seu corpo para ajudar na digestão, fortalecer o sistema imunológico, influenciar o peso e inclusive afetar o humor.
Diabetes e microbiota: evidências
Nos últimos anos, os cientistas montaram um quebra-cabeça que mostra a importância da microbiota intestinal para a saúde geral e o controle de diferentes doenças, incluindo diabetes. Um subproduto importante de comer uma dieta rica em fibras e baixo teor de açúcar para controlar a diabetes é a produção de ácidos graxos de cadeia curta que nutrem as células do revestimento intestinal, reduzem a inflamação e ajudam a controlar o apetite.
A importância dos ácidos graxos de cadeia curta na saúde das pessoas com diabetes foi estabelecida por um estudo publicado na revista Science. Os pesquisadores determinaram que uma deficiência na produção de ácidos graxos de cadeia curta a partir da fermentação reduzida das fibras dietéticas no intestino está associada à diabetes tipo 2.
Uma dieta rica em fibras avaliada no estudo demonstrou que após 12 semanas, os pacientes com dieta rica em fibras tiveram maior redução nos níveis de A1C (hemoglobina glicada). Seus níveis de glicose no sangue em jejum também caíram mais rapidamente e eles perderam mais peso. Ou seja as fibras, além de diminuírem os picos de glicemia, alimentam a microbiota saudável, capazes de melhorar a sua glicemia em geral, entre outros benefícios.
O estudo estabelece a base e abre a possibilidade de que as fibras que visam esse grupo de bactérias intestinais podem se tornar uma parte importante de uma dieta e tratamento segundo a Rutgers University. Possivelmente o uso de certas fibras dietéticas será considerado uma abordagem padrão para um tratamento da diabetes.
Quanto mais diversidade houver em seu intestino, maior será a probabilidade de você ter uma melhor digestão, absorção de nutrientes e um sistema imunológico saudável.
Diabetes e microbiota: o papel dos prebióticos na saúde
Para entender como as bactérias prosperam, é preciso considerar como os prebióticos se encaixam na equação geral. Em 2017, uma nova definição de consenso de prebióticos foi publicada pela Associação Científica Internacional de Probióticos e Prebióticos, definindo os prebióticos como “um substrato que é utilizado seletivamente por micro-organismos hospedeiros, conferindo um benefício à saúde”. O que isso significa é que certos alimentos contendo propriedades prebióticas influenciarão o tipo de probióticos que vivem em seu intestino.
Por exemplo, comer alimentos ricos em açúcar alimentará as bactérias ruins, enquanto comer uma mistura saudável de alimentos prebióticos alimentará as bactérias boas que você está tentando manter.
Em última análise, os alimentos que você coloca em seu corpo podem influenciar o tipo de bactéria – saudável ou prejudicial à saúde – que vive em seu intestino.
São necessárias mais pesquisas para identificar quais alimentos prebióticos alimentam quais bactérias benéficas, mas comer uma variedade de alimentos ricos em fibras é uma boa forma de começar.
Conhecemos alguns alimentos que possuem os prebióticos necessários para aumentar a produção de ácidos graxos de cadeia curta. Alguns exemplos dos tipos de fibra que você deve comer são encontrados no alho, cebola, aspargos, alho-poró, aveia, cevada e legumes.
Diabetes e microbiota: cultivando suas bactérias pela alimentação
Existem três maneiras principais de preencher seu intestino com bactérias: por meio da dieta, do ambiente ao seu redor e suplementando com um probiótico de múltiplas cepas.
Para obter mais probióticos em sua dieta, é recomendado consumir:
Alimentos fermentados que contenham culturas vivas:
- iogurte (sem açúcar ou natural)
- leite acidófilo (leite fermentado produzido a adição, exclusivamente, de cultivos de Lactobacillus acidophilus)
- kefir (uma bebida de leite fermentado probiótico)
- kimchi ou kimchee (prato de vegetais coreanos fermentados)
- chucrute (repolho fermentado)
- tempeh (soja fermentada)
- missô (soja fermentada em pasta),
- azeitonas
- leite fermentado com iogurte com bactérias probióticas ativas
- leite fermentado com kefir
- kombuchá – chá preto ou verde fermentado com adição de frutas e especiarias
Alimentos probióticos:
- Vegetais com folhas verdes, como couve, espinafre, acelga e vegetais de mostarda, couve, beterraba, nabo.
- Legumes crucíferos: brócolis, couve de Bruxelas, repolho, couve-flor. Esses vegetais apoiam o crescimento de bactérias saudáveis por causa de substâncias nos vegetais crucíferos que as bactérias usam para produzir substâncias anti-inflamatórias.
- Feijões e legumes liberam ácidos graxos de cadeia curta e são ricos em fibras que podem ajudar a sustentar a microbiota
- Iogurte com culturas ativas
- Queijos envelhecidos como Roquefort, Bleu, Brie, Feta e Gruyére.
Outros exemplos de alimentos prebióticos incluem:
- Raiz de chicória
- Alcachofra de Jerusalém
- Verdes dente de leão
- Alho
- Alho-poró
- Aspargos
- Farelo de trigo
- Bananas
Diabetes e microbiota: cultivando suas bactérias a partir do ambiente
Os humanos tradicionalmente capturam bactérias de seu ambiente. À medida que a sociedade se modernizou, o uso de produtos que matam micro-organismos nos deu ambientes mais limpos, mas nem sempre mais saudáveis. As doenças inflamatórias crônicas aumentaram acentuadamente.
A hipótese da higiene, também conhecida como teoria do esgotamento da microbiota, afirma que a falta de exposição precoce e contínua a micro-organismos aumenta nossa suscetibilidade a doenças, suprimindo o desenvolvimento natural do sistema imunológico.
Logo o meio ambiente ajuda a enriquecer a variedade microbiótica: e acredite ou não, quanto mais estamos expostos à sujeira, melhor pode ser a nossa microbiota. Agora, ninguém está dizendo que você ou seus filhos devem viver na sujeira, mas nossa cultura tende a promover a limpeza excessiva, e isso pode não ser tão bom, especialmente se você tem crianças em casa.
Estudos mostram que a exposição a uma variedade de micróbios, especialmente durante a infância, ajuda a fortalecer o sistema imunológico. Portanto, não tenha medo de deixá-los cavarem a terra, acamparem ou saírem de casa em ficarem ao ar livre. Outras coisas que podem ajudar incluem ter um animal de estimação (ou estar perto de animais), evitar produtos de limpeza antibacterianos e, ocasionalmente, lavar pratos à mão em vez de usar a máquina de lavar louça.
Diabetes e microbiota: suplementos probióticos
A última maneira de adicionar probióticos em sua vida diária é tomar um suplemento de probióticos com múltiplas linhagens. Existem no mercado suplementos probióticos com muitas alegações de saúde, o que pode tornar a escolha um pouco complicada. Os suplementos podem conter apenas uma cepa de probiótico ou podem conter várias cepas.
A maioria dos alimentos e suplementos contendo probióticos não requer aprovação antes da comercialização. Logo, algumas empresas aproveitam a atenção em torno dos probióticos para vender suplementos que são rotulados como probióticos e fazem alegações que não são apoiadas por evidências. Então, atenção.
Suplementos não regulamentados são fáceis de encontrar, e prometem a “cura de tudo”, mas na maior parte das vezes sua segurança e efetividade não foram confirmadas.
Procurar empresas que sigam as práticas recomendadas, como testes e selos oficiais, pode ajudar a encontrar suplementos de alta qualidade.
É uma boa ideia verificar com seu médico ou nutricionista antes de tomar um suplemento probiótico. Eles podem recomendar produtos que sabem ser seguros e eficazes.
Diabetes e microbiota: efeitos colaterais de suplementos
Nos primeiros dias de ingestão de um suplemento de probióticos, você pode sentir efeitos colaterais relacionados à digestão, como gases e leve desconforto abdominal. No entanto, depois de ajustar, sua digestão deve começar a melhorar.
Quem toma ou já tomou Metformina, que age substancialmente na microbiota, conhece de perto estes efeitos. Por exemplo, vários estudos em humanos e animais enfatizaram que a metformina altera a composição da microbiota intestinal, aumentando o crescimento de algumas bactérias, como Akkermansia muciniphila, Escherichia spp. ou Lactobacillus e diminui os níveis de alguns outros como o Intestinibacter. Além disso, nos intestinos, a metformina não só melhora a captação de glicose, mas também promove a produção de ácidos graxos de cadeia curta (associados com a redução do risco de desenvolver diversas doenças, como a síndrome do cólon irritável, doença inflamatória intestinal, doença cardiovascular e câncer), protege a barreira intestinal e regula a secreção de peptídeos intestinais (evidências demonstram que a saciedade pós refeição é atribuída predominantemente à ação destes peptídeos, que além de inibir a ingestão alimentar excessiva, também induzem a secreção pancreática (insulina), a secreção biliar e a contração vesicular). Ou seja, está claro que a microbiota intestinal participa ativamente nos efeitos de redução da glicemia produzidos pela metformina.
Acrescente-se que algumas pessoas não devem tomar suplementos probióticos, incluindo pessoas que apresentam crescimento excessivo de leveduras, crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado ou sistema imunológico comprometido.
As bactérias mais bem estudadas usadas em suplementos são as cepas de Lactobacillus e Bifidobactéria. É recomendado ainda um suplemento que contenha várias cepas diferentes e que, de preferência, inclua B. longum, B. Bifidum, L. acidophilus, L. fermentum e L. rhamnosus.
Microbiota e diabetes: a ascensão dos psicobióticos
Na última década, pesquisas mostraram que o intestino e o cérebro estão conectados em um sistema chamado eixo intestino-cérebro. Este eixo liga os sistemas nervosos central e entérico do corpo, o último dos quais governa a digestão.
Algumas pesquisas mostram que certos micróbios no intestino podem afetar seu cérebro por meio desse eixo na saúde e na doença. Essas bactérias fazem parte de um campo emergente denominado “psicobióticos”.
A pesquisa indica que os psicobióticos podem ajudar a tratar distúrbios cognitivos e neurológicos, como autismo, doença de Alzheimer e doença de Parkinson.
Quais são esses micróbios e como eles interagem com o cérebro é o assunto de muitas pesquisas atuais.
Alguns pesquisadores sugerem que, para algumas pessoas, a suplementação com certas cepas de probióticos pode ser preferível a tomar drogas psicotrópicas para lidar com o estresse mental, solidão e outros distúrbios psicológicos.
Microbiota e diabetes: COVID-19
Alguns pesquisadores propõem que melhorar a microbiota intestinal por meio de suplementação de probióticos e/ou dieta pode ser uma estratégia para combater ou evitar a infecção com o novo coronavírus SARS-CoV-2.
COVID-19 é conhecida por danificar a defesa imunológica do corpo através de uma “tempestade de citocinas” inflamatórias. Acredita-se que essa seja a principal causa de deterioração da saúde e até mesmo de morte.
Como a flora intestinal demonstrou fortalecer o sistema imunológico e combater as inflamações, os pesquisadores acreditam que os suplementos probióticos podem ajudar a acelerar a recuperação do coronavírus ao inibir ou limitar essa “tempestade de citocinas”.
Além disso, pessoas com COVID-19 relataram sintomas gastrointestinais, como diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal e perda de apetite.
Os desequilíbrios da flora intestinal são conhecidos por estarem relacionados a doenças pulmonares e infecções do trato respiratório. Os pesquisadores sugerem que corrigir esses desequilíbrios pode promover a saúde pulmonar ideal, o que pode ajudar a proteger contra patógenos como o SARS-CoV-2.
Outra pesquisa sugere que a suplementação de probióticos pode promover a atividade antiviral em geral para melhorar a resposta imunológica, pulmonar e anti-inflamatória que pode ajudar a eliminar a infecção por SARS-CoV-2.
Todas essas hipóteses estão ainda em estágios iniciais de pesquisa. Os pesquisadores dizem que mais estudos são necessários para confirmá-los.
Microbiota e diabetes: desafios enfrentados pelos pesquisadores
A ciência fez grandes avanços nas últimas duas décadas no sentido de compreender os papéis que os probióticos desempenham na saúde e nas doenças humanas. Ainda assim, a pesquisa probiótica está em sua infância e há muito a aprender.
Apesar dos estudos amplamente divulgados, os pesquisadores ainda estão trabalhando na identificação de todas as espécies microbianas individuais que vivem em seu intestino. Identificá-las é crucial para compreender como funcionam na saúde humana.
Por exemplo, pesquisadores em 2019 relataram a identificação de quase 2.000 espécies de bactérias intestinais anteriormente desconhecidas. Este foi um passo importante para categorizar os micróbios que vivem no intestino humano.
Depois de identificar os microrganismos, o próximo desafio que os pesquisadores enfrentam é associar as várias espécies, subespécies e cepas de micróbios com seus efeitos na saúde humana – e é aí que as coisas ficam complicadas.
A padronização da pesquisa de probióticos é um desafio porque o corpo humano contém um grande e diversificado conjunto de micro-organismos, que varia entre os países – e até mesmo entre indivíduos de um mesmo país.
Além disso, as próprias cepas bacterianas estão em constante evolução, assim como a saúde e o ambiente de seus hospedeiros humanos.
Os pesquisadores de probióticos enfrentam a tarefa de classificar o que podem ser trilhões de organismos em constante mutação em ambientes variados e em evolução.
Apenas o desenvolvimento da análise computacional dos genomas de grupos coletivos de micróbios (chamados metagenômica) nas últimas duas décadas tornou essa tarefa hercúlea possível.
Os cientistas devem padronizar uma montanha de evidências e, então, traduzir essas evidências em recomendações claras para o uso de probióticos terapêuticos.
Leve com você
Ainda que não haja uma comprovação definitiva de que os probióticos tenham um papel acentuado no controle da diabetes, há uma série de evidências consistentes sobre o tema, além do que, certamente há benefícios adicionais à saúde.
Por enquanto, a melhor opção parece ser tirar proveito de alimentos que são fontes naturais de probióticos. Se, após consultar seu médico, você decidir tomar um suplemento de probióticos, escolha um com múltiplas cepas de probióticos e com pelo menos 30 bilhões de Unidades Formadoras de Colônias (UFC). Também é aconselhável consumir um suplemento que tenha validação ou certificações oficiais.
Não se esqueça, também, que verificar o açúcar no sangue é uma maneira importante de ver se os alimentos e / ou suplementos probióticos estão produzindo efeito no controle da sua glicemia.
Talvez você esteja se perguntando se uma condição específica que você tem poderia se beneficiar dos probióticos. Nesse caso, você pode consultar as Diretrizes Globais da Organização Mundial de Gastroenterologia. Ele lista probióticos, condições e dosagens recomendadas. Em breve disponibilizaremos uma versão traduzida neste site.
Recomenda-se sempre cautela ao iniciar com probióticos. Certifique-se de usar um produto confiável, comece devagar e obtenha bons conselhos de um profissional de saúde de confiança.
Manter um intestino saudável é mais do que tomar um suplemento probiótico.
A dieta diária e os exercícios são igualmente importantes, pois muitos fatores do estilo de vida afetam as bactérias intestinais.
Obviamente o simples uso de probióticos não lhe proporcionará a cura da diabetes, mas pode ser mais um fator importante no controle de sua glicose. Para problemas complexos, um conjunto de ações simples podem ser a melhor alternativa. Os suplementos probióticos podem oferecer uma ampla gama de benefícios com poucos efeitos colaterais. Assim, se você estiver interessado em melhorar sua saúde intestinal e quiçá sua glicemia, talvez valha à pena tentar.
Esperamos ter ajudado. Paz e saúde. Veja outros artigos como esse em controledadiabetes.com.br.
Recomendações
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Fontes:
- https://www.healthline.com/nutrition/gut-microbiome-and-health
- http://dx.doi.org/10.1136/gutjnl-2018-316723
- https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/file/guidelines/probiotics-and-prebiotics-english-2017.pdf
- http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1517/14740338.2014.872627
- https://dx.doi.org/10.3389%2Ffpubh.2020.00186